Um dinossauro de Furnas, brincavam os amigos: entrou na empresa antes mesmo de ela ser fundada. Na sua Carteira de Trabalho consta a contratação em 18 de junho de 1957, e por isso um desenhista que trabalhava com seu amigo Jacy Neves da Silva fez um quadro que Jarbas exibia atrás de sua mesa de trabalho.
“Eu fui contratado porque era perto”, afirma ele. “Eu trabalhava no DNOS quando me indicaram para a Cemig, que ficava bem ao lado, onde se desenvolvia o projeto de Furnas. Quando a empresa ganhou vida própria, eu já estava lá.”
Jarbas está com 94 anos, casado com dona Claudina desde julho de 1955, e se esforça generosamente para reconstituir a ordem de fatos que ocorreram há mais de sessenta anos.
Contratado por Franklin Fernandes Filho, trabalhou sempre na área de Projetos, onde chegou a Chefe de Departamento e aposentou-se como Assistente do Diretor.
Começou como engenheiro nas obras de Furnas (“época em que fui mais feliz dentro da empresa”) e trabalhou na construção de várias barragens do Rio Grande, bem como na construção de Angra I e II.
Quando teve que se aposentar no início dos anos 80 veio uma tristeza imensa. E por isso mesmo, foi um dos primeiros a assinar pela criação da APÓS-FURNAS, assim que Geraldo Moreira o convidou para participar.
Mas o setor elétrico não podia prescindir do seu conhecimento e experiência, e pouco tempo depois foi chamado para a Nuclebras, onde foi Diretor até 1988.
E quando se pensava que afinal tinha encerrado sua vida profissional, foi chamado por Sergio S. G. Motta para assumir um assento no Conselho de Administração da Perdigão como representante da Real Grandeza, onde ficou até meados da década de 90.
Nessa época, deu um longo depoimento sobre tudo o que viu e viveu em Furnas para um projeto de memória da empresa – um documento fundamental, em primeira pessoa, que a APÓS-FURNAS pretende trazer para seus associados em breve.
Jarbas e Claudina tiveram os filhos Paulo, engenheiro que trabalhou por algum tempo em Furnas, Carmen, veterinária aposentada do Ibama, que foi morar com o casal durante o período mais grave da pandemia, e Jorge, engenheiro como o pai e o irmão mais velho.
Aos poucos a vida volta ao normal, e Jarbas aproveita a quietude da rua onde mora, curtindo a presença da linda esposa, sua companheira há mais de 66 anos.