Decisão precipitada do Conselho da Real Grandeza
ATIVOS E APOSENTADOS DO PLANO BD TERÃO NOVO DESCONTO EM SEUS CONTRACHEQUES
O Conselho Deliberativo da Real Grandeza tomou, em reunião realizada em 15/02/16, uma precipitada e infeliz decisão que acarretará novo sacrifício aos participantes e assistidos, e também onera patrocinadoras do Plano BD sem real necessidade, baseado apenas no medo e na insegurança transmitidos pelo novo atuário externo.
A REAL GRANDEZA contratou recentemente um novo atuário externo, a MERCER, que adotou um novo critério para avaliação atuarial de 2015, critério esse que aumenta o déficit do ano em cerca de um bilhão de reais. Esse acréscimo decorre da inclusão no cálculo das Provisões Matemáticas de 31/12/15, do reajuste de janeiro/16 (INPC de 2015), o que não era considerado pelo atuário anterior, acumulando duas altas inflações anuais no mesmo exercício.
Não queremos entrar no mérito da correção ou não do novo critério, embora tenhamos muitas dúvidas. Entendemos que o momento é altamente inoportuno para uma mudança dessa magnitude, considerando as perdas de rentabilidade que o Plano BD já está tendo que suportar, da ordem de 1,4 bilhão de reais, em face do tenebroso momento econômico que atravessamos.
Lamentavelmente não foi isso que entendeu a maioria do Conselho Deliberativo da REAL GRANDEZA, que com os votos favoráveis dos três novos conselheiros indicados pelas patrocinadoras FURNAS e ELETRONUCLEAR e do voto de um membro eleito, aprovou o cálculo com o novo critério. Votaram contrariamente os conselheiros eleitos Tania Vera Vicente e Nelson Bonifácio.
Cabe assinalar que a própria Diretoria Executiva da REAL GRANDEZA tinha anteriormente decidido rejeitar, também, a proposta do novo atuário, com o voto dissonante apenas do Diretor de Investimento, que entendia que o novo critério deveria ser aplicado de imediato.
É lamentável que a maioria do novo Conselho Deliberativo tenha resolvido acatar açodadamente as recomendações de um atuário novato que, segundo ele próprio, não precisavam ser adotadas agora.
Como decorrência da decisão aqui relatada teremos, ativos, aposentados e patrocinadoras do Plano BD que realizar contribuições extraordinárias em percentual ainda não aprovado pelo Conselho Deliberativo, cujos descontos devem começar dentro de alguns meses. Vale lembrar que em 1995, num processo semelhante, também tivemos as contribuições majoradas por conta de um deficit então apontado, contribuições essas que vigeram por 20 anos e só em 2015 puderam ser revogadas.
A APÓS-FURNAS questiona se é sensato manter contratado um atuário externo que recomenda adotar novos critérios extremos em época de enormes dificuldades externas, sem demonstrar qualquer sensibilidade e equilíbrio, fazendo proposta que apenas lhe traz mais conforto próprio, uma vez que adota o critério de “valores no pico”, conforme ele mesmo denomina.
Será que em nova avaliação este novo atuário não irá surpreender a todos com novas medidas de “segurança”?
A APÓS-FURNAS também pergunta se não é o caso de fazer-se uma auditoria independente do valor efetivo das Provisões Matemáticas do Plano BD, uma vez que passou de 10,5 bilhões de reais em 31/12/2014 para mais de 13 bilhões de reais em 31/12/15.
Há algo de errado neste imbróglio?
A APÓS-FURNAS estará atenta a todo esse processo e estudando ações que possam mitigar as consequências de tão lamentável decisão.
Rio, 19/02/2016